segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O público GLS de baixa renda também consome




Se observarmos os serviços e produtos ofertados exclusivamente ao público GLS podemos perceber que a maioria volta-se somente a consumidores de classe A e B. Porém muitos se esquecem dos gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros que se concentram nas classes mais baixas (C, D e E), que são inclusive maioria neste país, por isso o uso dos termos "popular" e "massificado".

Então vamos observar  algumas particularidades deste segmento:

Devemos levar em consideração que o ambiente em que este público vive o preconceito é bem maior que nas classes mais privilegiadas, por inúmeros motivos que infelizmente não cabem ser comentados aqui. Desta forma muitos se recusam a consumir qualquer tipo de produto/serviço rotulado de GLS, obviamente com medo que suas identidades e preferências sejam reveladas.

No quesito consumo é clara a vontade que eles têm de adquirir um status, a busca por uma imagem através de roupas que chamem mais atenção, com um caráter ou conceito de moda (seguindo tendências ou recriando-as) e o uso de emblemas de marcas e grifes conhecidas, sejam elas verdadeiras (em menor quantidade) ou réplicas (em maior quantidade). Com sistemas de parcelamento que facilitam a compra estes clientes têm consumido bastante, e não somente produtos populares, mas também produtos que até pouco tempo atrás eram de exclusividade de classes mais privilegiadas.

Para que se sintam a vontade para expressar  quem realmente são e consumir o que desejam alguns se encontram obrigados a frequentar locais que infelizmente exijam mais de suas aparências, talvez um processo que mascarize suas verdadeiras essências a fim de enquadrar-se aos locais que passam a frequentar. Desta maneira um preconceito dentro da própria comunidade LGBT cresce cada vez mais, onde o uso de gírias passa a identificar e até segregar pessoas de classes mais baixas.

Um fenômeno interessante deve ser observado; gays, lésbicas, bissexuais e trangêneros com faixa etária entre 15 e 20 anos não encontram nenhum tipo de pudor em revelar suas preferências e identidades, alguns chegando a ponto de reforçar suas identidades de gênero com comportamentos que a sociedade pode considerar como “afetado”, seja este afeminado para os homens ou masculinizado para as mulheres.

Levar um pouco da "homocultura" a periferia e bairros de classe média que não se enquadram a estes comportamentos é uma das maneiras de se desenvolver um mercado local que atenda a estes consumidores.

Se hoje podemos observar pequenas passeatas e paradas em prol da diversidade ocorrendo em bairros mais afastados e periféricos é por que muita coisa tem mudado. Acabar com a imagem de que um produto bom, bacana, e "hype" são caros e só são encontrados em bairros mais caros é abrir portas para que novos profissionais possam mostrar seus trabalhos e que culturas e comportamentos específicos possam sair do "gueto" e encantar o restante da sociedade com ensinamentos de uma realidade  diferente.


Resumidamente: produtos focados vendem muito bem pela Internet, pela segurança e sigilo que oferecem. Se o interesse for expor em algum ponto de venda, poucas e pequenas lojas normalmente localizadas em regiões centrais ou bairros alternativos são uma boa pedida, porém podem vender menos e atendem a clientes assumidos em todos os aspectos. Trabalhar com uma imagem que respeite a diversidade e que não se foque somente ao consumidor LGBT é abrir um leque de opções a diferentes clientes, e costuma dar muito certo.

Facilitar o pagamento, promover liquidações, promoções e desenvolver uma imagem sobre seu produto que remeta algo com um pouco de status e fortes referencias as tendências de moda irão garantir sua sobrevivência no mercado. E uma última dica, nunca utilize mensagens ou imagens preconceituosas e estereotipadas, por mais que seu cliente seja considerado pela sociedade um/a “afetado/a”, rotulação esta ridícula e infantil, ele é um ser humano, um cliente e um ótimo consumidor.




Fica mais uma dica, clientes LGBT's adoram viajar, e vale a pena atende-los bem e facilitar as formas de pagamento de passagens aéreas, pacotes de viagens e etc.



Confira também a  matéria "Mapa GLS ganha points até na periferia de SP" do site Estadão.

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