quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A visibilidade das minorias sexuais e a sociedade de consumo


Inicio esta matéria com um trecho do artigo “A publicidade e propaganda como representação GLBT e estratégias de mercado GLS” de André Iriburi Rodrigues: “Enquanto a visibilidade das minorias for regulada e pouco palatável na mídia massiva, a construção de um segmento de mercado GLS será, necessariamente, um espaço de refúgio de uma parcela homossexual privilegiada pelo poder de compra.”



No mesmo artigo, o autor explica que: “... a visibilidade da comunidade LGBT está inserida no contexto da sociedade de consumo”, ao qual uma pessoa passa a ser um “cidadão” a partir do momento que entra nas supostas normas de consumo e comportamento, ou seja, a percepção de que a cidadania é perpassada por aquilo que se pode comprar, Nestor Garcia Canclini (1995).

Se observarmos toda a trajetória do movimento ativista LGBT podemos notar que dentre as conquistas alcançadas por seus integrantes, as que interessam e são exibidas na mídia massificada falam sobre a tão famosa e crescente Parada do Orgulho Gay de São Paulo.

O evento hoje consegue reunir patrocínio de grandes e importantes empresas, mostrando que sua importância mercadológica foi reconhecida. Não há como negar a importância da mídia na batalha da comunidade LGBT, porém cito como exemplo somente as mídias especializadas que atendem somente este segmento.


Desta forma muitas empresas têm preferido veicular seus matérias nestas mídias, garantindo desta forma certo sigilo com seus cliente “heterossexuais”, que não irão saber que tais empresas anunciam para o mercado GLS.

Para que um anúncio seja vinculado em uma mídia massificada, e que culturalmente aqui no Brasil encontra-se “heteronormativa”, é por que foi descoberto o enorme potencial desta fatia de mercado, porém tal fato deve partir de uma pesada e profissional pesquisa de mercado e comportamento, o que não ocorre e normalmente acarreta em conteúdos hora sensacionalistas, hora preconceituosos e estereotipados.


As poucas mensagens vinculadas nestes meios de comunicação massificados utilizam de códigos e mensagens sutilmente direcionadas, respeitando assim (se é que isso pode ser considerado respeito ou apenas um processo que mascariza o preconceito) a parcela heterossexual da clientela de uma empresa. Daí o surgimento da sigla GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) que ao englobar o termo simpatizante abrange há heterossexuais que aceitem os diferentes comportamentos sexuais e de gênero humano.

Para encerrar esta matéria uma questão e problemática deve ser levantada; onde dentro desta sociedade de consumo ao qual a visibilidade política está inserida, o padrão normativo aceito e vendido é o de uma minoria sexual branca e de classe média. Este padrão é trabalhado pesadamente na mídia massificada, para que o grau de aceitação e suposto respeito sejam maiores, e na mídia especializada não representa 100% das abordagens, mas infelizmente pelo menos 70%.

Sendo assim, segundo André Iriburi Rodrigues, delimita-se uma subcultura por atitudes e a utilização (consumo) de produtos que parecem demarcar diferença e alteridade que inclui pela orientação sexual e exclui pela classe social, podendo inviabilizar a visibilidade e a inclusão social pleiteadas pelos movimentos políticos das minorias, como levantado por Trevisan (2003).

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